Thursday, May 31, 2007

Terra dos Sonhos

Andava eu sem ter onde cair vivo
Fui procurar abrigo nas frases estudadas do senhor doutor
Ai de mim não era nada daquilo que eu queria
Ninguém se compreendia e eu vi que a coisa ia de mal a pior

Na terra dos sonhos, podes ser quem tu és, ninguém te leva a mal
Na terra dos sonhos toda a gente trata a gente toda por igual
Na terra dos sonhos não há pó nas entrelinhas, ninguém se pode enganar
Abre bem os olhos, escuta bem o coração, se é que queres ir para lá morar

Andava eu sózinho a tremer de frio
Fui procurar calor e ternura nos braços de uma mulher
Mas esqueci-me de lhe dar também um pouco de atenção
E a minha solidão não me largou da mão nem um minuto sequer

Na terra dos sonhos, podes ser quem tu és, ninguém te leva a mal
Na terra dos sonhos toda a gente trata a gente toda por igual
Na terra dos sonhos não há pó nas entrelinhas, ninguém se pode enganar
Abre bem os olhos, escuta bem o coração, se é que queres ir para lá morar

Se queres ver o Mundo inteiro à tua altura
Tens de olhar para fora, sem esqueceres que dentro é que é o teu lugar
E se às duas por três vires que perdeste o balanço
Não penses em descanso, está ao teu alcance, tens de o reencontrar

Na terra dos sonhos, podes ser quem tu és, ninguém te leva a mal
Na terra dos sonhos toda a gente trata a gente toda por igual
Na terra dos sonhos não há pó nas entrelinhas, ninguém se pode enganar
Abre bem os olhos, escuta bem o coração, se é que queres ir para lá morar

JORGE PALMA

Sunday, May 27, 2007

É a Cultura, estúpido!

Esta é a frase que serve de mote a uma serie de debates, realizados com uma frequência regular, em Lisboa, sobre o estado da Cultura. Também poderia servir de legenda para uma fotografia de Mário Lino, utilizando o termo na sua acepção mais abrangente. Mas não é sobre isto que trata este post. É mesmo sobre a Cultura no seu amplo conceito de fruição.
À Cultura vem também associada a questão dos gostos, a criação e formação destes, a ponto de muitas vezes se instituir uma ditadura de padrões, como tão bem espelha o filme O Gosto dos Outros, de Agnès Jaoui. Há as tribos, há os que estão em cima do acontecimento, há os clássicos, os puristas, os vanguardistas, os da mensagem, os da forma... os que são tudo isso. Há sempre rótulos para medir a competência do gosto, aqui e ali encarado como conhecimento: «então, já conheces isto?», «não conheces isto, como é possível!?» ou o peremptório: «ah, o teu estilo é mais este; conheço uma coisa que é mesmo mesmo o teu género, de certeza que vais gostar [às vezes lá calha e acerta!]».
É quase como se estivessemos a apanhar um comboio na pressa de um movimento pendular, de chegar a qualquer lado, mesmo que tenhamos tempo para nos deleitarmos e demorarmos numa viagem mais longa. Sinto falta disso, da simplicidade da troca. Sem perguntas inquisitoriais, de medição estatística da intelectualidade e consequentemente da avaliação do interesse pessoal feita a partir daí - apenas com base numa relação pretensamente matemática.



Talvez por isso, em vez de um TGV cultural, tenha preferido seguir em carruagens do passado até aos confins do mundo, onde tudo é tão agreste e simples, e pegar no "Patagónia Express" do Luís Sepúlveda.(um dos que ainda não li dele - capa na imagem em baixo) como próxima paragem da minha vagarosa e ainda curta viagem por estes territórios da cultura.

Monday, May 21, 2007

Balancear

Ontem um colega perguntava-me se não sentia vontade de voltar para minha terra. Logo ontem...ou precisamente ontem, que me custou tanto regressar do fim-de-semana, passado na terra.


É engraçado como uma pessoa que praticamente não conhecemos, com uma tão pergunta simples, vai ao cerne da questão que nos "atormenta". E o problema é que essa pessoa está à espera de uma resposta, que eu própria ainda não encontrei. Que dizer?!?. À falta de rigor, vai-se para a sensibilidade e sinceridade. Estendi os braços e virei as palmas das mãos para cima, imitando uma balança e disse: aqui é a minha terra onde tenho paz e qualidade de vida, nesta é Lisboa onde tenho as oportunidades. A questão é saber o que é melhor nesta altura, sabendo que nada é definitivo (apesar desta angústia de quarto de século me dizer o contrário) mas que cada passo que se dá ajuda a moldar o futuro.

Sunday, May 20, 2007

Quorum Ballet


Estiveram este Sábado em Santarém, com a peça "Relações".


A companhia de dança contemporânea portuguesa foi criada pelo casal de bailarinos Daniel Cardoso e Theresa Da Silva Cardoso, em 2005. Composto por seis (a oito) bailarinos, o Quorum Ballet integra elementos do extinto Ballet Gulbenkian.


A próxima paragem é Portalegre, mas o Quorum Ballet vai andar por outros pontos do país, levando também as suas apresentações a Nova Iorque e à Dinamarca.

Roteiro de espectáculos aqui.


Wednesday, May 9, 2007

Voilá - quando vemos num artista mais do que isso e o "isso" se confirma

Ciné-junior : un festival en Palestine parrainé par YANN TIERSEN
Contes et merveilles : 10 films pour le jeune public

En France, Cinéma Public défend les salles de cinéma publiques, non soumises aux règles du marché, afin qu’un cinéma de qualité et novateur, puisse exister…. Car le cinéma n’est pas une marchandise mais un art, et les spectateurs, pas des consommateurs mais bien des citoyens actifs et critiques.

C’est pour éveiller et construire le regard des jeunes spectateurs que nous organisons chaque année depuis maintenant 17 ans un festival international de films jeunes publics dans le département du Val –de-Marne : Ciné-Junior.

Depuis 17 ans, 30 000 enfants voient sur grand écran, en 35 mm, des films issus de toutes les cinématographies, assistent à des rencontres, participent à des ateliers de création….

Avec Ciné-Junior, 30 000 enfants réfléchissent, imaginent, rêvent…Car le cinéma c’est aussi comme le dit cette expression française « l’ industrie du rêve » .

Cette année, avec le soutien de la Commission européenne et du réseau des Centres culturels français du Consulat de France de Jérusalem, Ciné-Junior voyage dans un pays où les enfants, marqués par tant d’années de conflit, ont grand besoin de rêver et d’imaginer : la Palestine.

10 films seront projetés, des histoires, merveilleuses, généreuses, tour à tour drôles et émouvantes, autant de contes et de merveilles de cinéma réalisés par de grands cinéastes.

Pourquoi cette thématique du conte ? Parce que dans le conte, tout est possible et que nous avons voulu, pour les enfants de Palestine, cette multiplicité des possibles et cette profusion d’imaginaires…

La musique sera aussi au rendez-vous puisque nous aurons le bonheur d’écouter le musicien Roberto Tricarri accompagner la séance de Sherlock Junior, comme aux premiers temps du muet…Et l’auteur compositeur Yann Tiersen, qui nous fait l’honneur de parrainer ce festival, nous offrira une petite surprise musicale en clôture de l’événement.

Voici donc de quoi réjouir les enfants et les parents !

Nous invitons en effet les adultes à accompagner les jeunes spectateurs….Car un bon film pour enfant c’est déjà, et avant tout, un grand film…et les films de ce festival sont d’abord les œuvres de réalisateurs de génie (Cocteau, Chaplin, Ocelot, Burton, pour ne citer que ceux-là), recelant différents niveaux de lecture et destinées à chacun d’entre nous.

Les copies « circuleront » dans toutes les villes disposant de salles de cinéma, de Jérusalem-est à Gaza, en passant par Ramallah, Naplouse, Béthléem…

Des villes et des spectateurs reliés par le cinéma, une programmation partagée … Le cinéma, a dit un jour J.L Godard, c’est ce « pays en plus, cet autre pays sur la carte du monde ».

Volta e meia lá está - em vários sentidos



Monday, May 7, 2007

Maremotos ou tsunami

Hoje sonhei com maremotos. Sonhei que estava numa praia, que se avistava bem do meu apartamento, e que nos media tinham dado o aviso de dois maremotos, ou melhor quatro, já que vinham aos pares, em intervalos de um dia.

O mais engraçado é que as pessoas, sabendo do aviso prévio, faziam praia como se nada fosse entre os intervalos das vagas gigantescas.

Engraçado, também, ou não, era observar da janela da minha casa as ondas gigantes a avançar e o pânico causado por tal visão. É que mesmo com o aviso, a violência dos maremotos, fazia-me temer pela minha vida e pela dos outros, que no meu sonho, viviam mais abaixo da encosta (sim eu estava "protegida" por essa circustância topográfica).

Enfim, sonhos... Surpreendentemente o meu horóscopo para esta semana fala em tsunamis (ainda que metaforicamente). :))


Ps. acho que tudo isto se deve a uma infeliz junção sub-consciente das noticias da menina desaparecida na Praia da Luz e de fracções do filme Poltergeist que ontem vi. Poltergeist + Praia da Luz= Poseidon (não?)

Friday, May 4, 2007

Felizmente é sexta-feira e tudo parece mais fácil



Crise Lamentável

Gostava tanto de mexer na vida,
De ser quem sou – mas de poder tocar-lhe ...
E não há forma: cada vez mais perdida
Mas a destreza de saber pegar-lhe.

Viver em casa como toda a gente,
Não ter juízo nos meus livros – mas
Chegar ao fim do mês com as
Despesas pagas religiosamente.

Não ter receio de seguir pequenas
E convidá-las para me pôr nelas –
À minha torre ebúrnea abrir janelas
Numa palavra, e não fazer mais cenas.

Ter força um dia para quebrar as roscas
Desta engrenagem que emperrando vai.
– Não mandar telegramas ao meu pai
– Não andar por Paris, como ando , às moscas.

Levantar-me e sair – não precisar
De hora e meia antes de vir prá rua.
Pôr termo a isto de viver na lua,
– perder a frousse das correntes de ar.

Não estar sempre a bulir, a quebrar coisas
Por casa de amigos que frequento –
Não me embrenhar por histórias duvidosas
Que em fantasia apenas argumento.

Que tudo em mim é fantasia alada,
Um crime ou bem que nunca se comete:
E sempre o oiro em chumbo se derrete
Por meu azar ou minha zoina suada ...

Mário de Sá Carneiro

Wednesday, May 2, 2007