Tuesday, December 30, 2008

Adeus 2008, olá 2009

Dizem que a crise vem aí. Abriguem-se!!! Bom, não quero falar disso para já. Até ver faço o balanço de 2008. Um dos meus melhores e piores anos de sempre.
Começou mal, com problemas de saúde entre os entes próximos. Problemas e desilusões no trabalho. Começou a recuperar lentamente. Os primeiros problemas começaram aos poucos a encaminhar-se num sentido de recuperação lenta, mas positiva. Já os segundos, ainda que continuando a chatear, passaram a ser encarados como a peneira entre o trigo e o joio e a ter o dom de remeter os seus protagonistas para a importância que merecem - pouca ou nenhuma. Do outro lado da moeda, tive o privilégio de tomar contacto com pessoas maravilhosas - a parte que mais gosto na minha profissão. Foi uma primeira etapa de crescimento.
Mas a maior chegou no dia do meu aniversário quando negociei a compra da minha casa - o meu maior desafio até agora. Ainda estou a sentir o pulso (e as despesas) e a desfrutar do entusiasmo do meu primeiro espaço só meu.
Com ela voltei à minha zona e à Lisboa que gosto e que para mim ainda faz sentido. Os que valem a pena estiveram e estão do meu lado, partilhando o entusiasmo, as jantaradas e as dormidas acabadas de estrear, em pleno fim-de-semana de Avante, por exemplo.
Redescobri também novas geografias no círculo das amizades, recuperando Paris, dessa forma, e descobrindo novos destinos, fosse no FMM de Sines ou em casa de cada a uma, às sextas-feiras.
Este ano ficou também marcado pela perda de um ente querido e próximo. Foi a primeira vez que fui a um funeral. Lembro-me de uma vez ter lido na extinta revista 20 anos que até aos 30 deveríamos já ter passado por uma série de coisas. Uma delas seria a morte de um familiar. Achei isso, na altura, um pouco macabro. Agora percebo a forma como isso nos transforma.
Este ano fiz as "pases" com Hemingway, ao ler o "Adeus às Armas", depois de ter odiado "O Velho e o Mar", como leitura obrigatória de final do ciclo, e com o Alex Turner, via Last Shadow Puppets. Vi o "Blindness"e gostei muito. Ouvi intensamente poucas bandas/artistas, mas várias vezes - dos Portishead ao Camané, passando pelos Deolinda, Kings of Leon, DCFC, Joan as Police Woman, Cat Power, Vinicio Capossela ou Maria João e Mário Laginha. E Sarah Vaughn, muito também.
Vibrei com a medalha do Nelson Évora, vibrei.
Em final de 2008, olho para as coisas boas e más e vejo que cresci mais neste ano do que em muitos outros juntos. Há coisas e pessoas que já não vão voltar, há outras que já não vale a pena que voltem, outras que continua a valer a pena manter e outras em que vale a pena continuar a investir. O resto é paisagem. Viva 2009!

Friday, September 12, 2008

Festa do Cinema Francês - 9ª edição


A decorrer entre 02 de Outubro e 02 de Novembro, a 9ª edição da Festa do Cinema Francês traz algumas novidades. Além das 25 antestreias que compõem a programação nuclear haverá ainda:

- SECÇÃO CANNES EM PORTUGAL
10 filmes nunca estreados em Portugal e que fizeram parte das mais recentes selecções da Quinzena dos Realizadores do Festival Internacional de Cinema de Cannes.

- SECÇÃO PARIS-LISBOA
10 filmes com Lisboa ou Paris como pano de fundo e/ou personagens com vida própria.

- PRÉMIO DO PÚBLICO
Um prémio oferecido pela TV5 Monde que visa premiar, com um valor até 5000€, um filme, escolhido pelo público, que ainda não tenha sido adquirido por distribuidores portugueses.

- CINE-CONCERTO
1 cine-concerto que marcará a abertura da Secção Paris-Lisboa na Cinemateca Portuguesa

- CONCERTO DE ENCERRAMENTO EM ALMADA.

E mais ainda

RTP 2
- CINEMA
Uma programação de cinema francês durante todo o mês de Outubro no 2º canal da RTP
- ONDA CURTA
O programa Onda Curt,a do mesmo canal, dedicará uma atenção especial às curtas francesas durante esse mês.

FNAC
E, também em Curtas se partirá em viagem numa qualquer FNAC perto de si
Voyages en Courts é uma selecção de 40 curtas-metragens, divididas por 5 grandes temas que nos fará descobrir o que de melhor se faz em curtas no Mundo.


da organização




Tuesday, July 29, 2008

FMM

Foi uma aventura para lá chegar - vários pontos de paragem para apanhar a malta, horas a passar, desorientações no caminho, mas bom humor e nada de stresses.

Feitas as contas acabei por ver 3 concertos, embora dois pela metade e só um por inteiro, apreciar o fim de noite na praia e ir a banhos (dormida e comida) em Porto Côvo. Não fosse a companhia ter sido diferente, tinha sido quase tudo idêntico ao ano passado. Mas em ambos o divertimento e o relax foram as palavras de ordem.

O único concerto que vi por inteiro foi o desta senhora, mas valeu bem a pena e por muitos outros que já tenho visto - Rokia Traoré (Mali/França):



O FMM de Sines comemorou este ano o seu décimo aniversário, consagrando-se, com uma década de existência, como o maior festival de world music português. Um breve historial do evento e as bandas que passaram por lá este ano, aqui.

Wednesday, July 23, 2008

Deixa eu te dizer, amor
Que não deves partir
Partir nunca mais
Pois o tempo sem amor
É uma dura ilusão
E não volta mais
Se tu pudesses compreender
A solidão que é
Te buscar por aí
Andando devagar
A vagar por aí
Chorando a tua ausência
Vence a tua solidão
Abre os braços e vem
Meus dias são teus
É tão triste se perder
Tanto tempo de amor
Sem hora de adeus
Oh, volta
Que nos braços meus
Não haverá adeus
Nem saudade de amar
E os dois, sorrindo a soluçar
Partiremos depois

Vinicius de Moraes

Tuesday, July 22, 2008

Cohen, intemporal



Senhor como poucos, Leonard Cohen esteve em Lisboa recentemente. Pelo Passeio Marítimo de Algés, onde semana antes tinha decorrido o Optimus Alive!, deu lições de humildade, profissionalismo, mas de entrega também. Esbanjou charme, simpatia e sobretudo a sua grande voz, em temas já eternizados na forma de clássicos. Sem dúvida, the Ladies (and Gentlemen) Man.




Waiting For The Miracle

"Baby, I've been waiting,
I've been waiting night and day.
I didn't see the time,
I waited half my life away.
There were lots of invitations
and I know you sent me some,
but I was waiting
for the miracle, for the miracle to come.
I know you really loved me.
but, you see, my hands were tied.
I know it must have hurt you,
it must have hurt your pride
to have to stand beneath my window
with your bugle and your drum,
and me I'm up there waiting
for the miracle, for the miracle to come.

Ah I don't believe you'd like it,
You wouldn't like it here.
There ain't no entertainment
and the judgements are severe.
The Maestro says it's Mozart
but it sounds like bubble gum
when you're waiting
for the miracle, for the miracle to come.

Waiting for the miracle
There's nothing left to do.
I haven't been this happy
since the end of World War II.

Nothing left to do
when you know that you've been taken.
Nothing left to do
when you're begging for a crumb
Nothing left to do
when you've got to go on waiting
waiting for the miracle to come.

I dreamed about you, baby.
It was just the other night.
Most of you was naked
Ah but some of you was light.
The sands of time were falling
from your fingers and your thumb,
and you were waiting
for the miracle, for the miracle to come

Ah baby, let's get married,
we've been alone too long.
Let's be alone together.
Let's see if we're that strong.
Yeah let's do something crazy,
something absolutely wrong
while we're waiting
for the miracle, for the miracle to come.

Nothing left to do ...

When you've fallen on the highway
and you're lying in the rain,
and they ask you how you're doing
of course you'll say you can't complain
If you're squeezed for information,
that's when you've got to play it dumb:
You just say you're out there waiting
for the miracle, for the miracle to come".

Monday, July 21, 2008

À Descoberta

Foto: AT

Thursday, July 17, 2008

Missão Dada é Missão Cumprida

Já há muito tempo que queria ver este filme. Felizmente a estreia tardia por cá deu para vê-lo ainda na tela - mesmo tendo sido campeão de cópias pirata no Brasil. Falo de 'Tropa de Elite', de José Padilha, com Wagner Moura (Capitão Nascimento) - grande actor.

O realismo do cinema brasileiro, agora "do lado" da polícia.

Muito bom.

Trailler

Wednesday, July 16, 2008

Tuesday, July 15, 2008

Sunday, July 6, 2008

Como perceber se são diferenças ou indiferenças?

Sunday, June 15, 2008

Epitáfio

Aqui jaz
Rosa Luxemburgo,
judia da Polónia,
vanguarda dos operários alemães,
morta por ordem dos opressores.
Oprimidos,
enterrai vossas desavenças!

Bertolt Brecht

Outros filmes


Aritmética Emocional

Sinopse
Em 1945, Jakob Bronski (von Sydow), um jovem detido num campo de concentração, acolhe e protege duas crianças recém-chegadas: Melanie (Sarandon) e Christopher (Byrne). As circunstâncias facilitam a criação de um forte laço de amizade entre os três. Quarenta anos mais tarde, Melanie (Susan Sarandon) é uma mulher graciosa na casa dos 50 com o casamento em perigo devido à instabilidade emocional. Inesperadamente, Melanie descobre que Jakob - que julgava morto - está vivo e convida-o para uma visita à sua casa de campo. Jakob acede ao convite e faz-se acompanhar por Christopher, o seu amigo de infância. Christopher nunca confessou o seu amor por Melanie, nem tão pouco o esqueceu. Inevitavelmente, todos são obrigados a confrontarem-se com os terríveis fantasmas do passado num difícil jogo de emoções.


Ficha Técnica:
país: Canadá
género: Drama
realizaçãoPaolo Barzman
intérpretes: Susan Sarandon, Gabriel Byrne, Roy Dupuis, Dakota Goyo e Christopher Plummer. ----- Em Exibição


Sugestão literária complementar - "Aniquilação", Imre Kertész

Três razões para "não" ir ver o 'Sexo e a Cidade'


1ª - Para quem anda à procura de casa e tem tido alguma dificuldade em fazer compreender as suas opções junto da matriarcal opinião, o filme começa logo mal, com a cena em que a Carrie e o Big escolhem, finalmente [percebe-se pelo diálogo], a casa em que vão morar.

2ª - Não é um filme aconselhável para quem esteja com fome, não só porque é longo, mas sobretudo porque as senhoras passam a vida a comer...comida, mesmo. Desde os seus mui conhecidos almoços after shopping, ao jantar de véspera do casamento, passando pelos bolos para os desgostos sentimentais ou pela faustosa mesa de hotel à beira-mar.

3ª - Guardem as carteiras bem guardadas, mulheres. Este filme é um sério atentado a quem quer poupar (eu, eu, eu). Faz pensar que, tal como elas, sendo nós moçoilas na flor da idade, independentes e com um emprego (podia ser melhor, mas vá...) mal não virá ao mundo se levarmos aquela t-shirt baratinha ou aquele que será muito provavelmente o último acessório que compraremos durante uns bons tempos.


Ps. - uma quarta razão, talvez mais pessoal. Embora mais "barateira", também eu sou uma viciada em sapatos ... pelo que me apercebi que tal como a Carrie vou precisar de um bom armário para eles. Prevejo mais um desafio arquitectónico:D




Ah, adolescência...


Já lá vai mais uma edição do Rock In Rio-Lisboa. Este ano bati o meu recorde de cobertura - 4 dias em cinco (o último a acabar às 7h00 de dia 07 de Junho) - mas nem tudo foi mau. Houve bandas que gosto e que queria rever (Muse) ou ver (Metallica e Alanis) e outras. Mas entre todas estas houve uma que já queria ver há muito muito tempo: os BON JOVI.


Durante um bom par de anos povoaram em grande destaque a porta do meu quarto. A devoção era ao Jon Bon Jovi, claro, mas os outros também lá estavam (os posters lado a lado com os dos, embora em número inferior, Nirvana, Pearl Jam, Ugly Kid Joe, Guns e Green Day - enfim o que se ouvia na altura e onde não havia lugar para eventuais perturbações de coerência estilístico-musical).


Neste Rock In Rio, não faltaram essas e outras recordações, no caso, partilhadas por 75 mil pessoas.


Eu incluo-me no segundo grupo, mas não sou a única. Das pessoas que encontrei, a mesma experiência compartilhada fazia daquele dia um autêntico viajar no tempo. «A minha mãe não me deixou ir [ao último concerto] porque tinha 13 anos, mesmo tendo os meus amigos ido a Alvalade. Fiquei a ouvir a Antena 3 e a chorar baba e ranho no quarto», recordávamos entre nós com o «exacto!», de compreensão recíproca e completo reconhecimento.

Matei o meu recalcamento adoslescente em grande, no dia 31 de Maio. Que GRANDE concerto...mesmo. E hoje posso dizê-lo com algum piqueno conhecimentosinho de causa. Blaze of Glory! ;) ehehe

Saturday, May 17, 2008

O grande Camané no Coliseu



Soberba ou fantástica seriam palavras suficientes para descrever esta noite, ou não se estivesse a falar de Camané, aquele a quem se tem chamado o sucessor de Amália. Mas ainda assim muito ficaria por dizer da grande estreia do fadista no Coliseu dos Recreios. Camané enche o palco com a sua voz, mesmo quando canta encoberto pelas cortinas e apenas se vêem os músicos que o acompanham - José Manuel Neto (guitarra portuguesa), Carlos Manuel Proença (viola) e Paulo Paz (contrabaixo) - como aconteceu com 'Sei de Um Rio', o tema que serve de apresentação ao seu mais recente disco, "Sempre de Mim", e que serviu também para abrir o espectáculo. Estava assim dado o mote para uma noite arrebatadora, em duas formas a que Camané dá corpo com igual intensidade e virtuosismo: o sentimento sofrido nos temas mais introspectivos e melancólicos e a veia mais tradicional, como se nele ouvíssemos e vissemos, através da garra na interpretação e na sua postura - cabeça inclinada para trás e mão no bolso - todos os bairros antigos de Lisboa. A parte inicial do concerto, fez-se, assim, de uma quase total contemplação, mesmo para fados cuja familiaridade os aplausos mais sonoros denunciavam. "Como sempre como dantes", a passagem de 'Mais um Fado No Fado', seria ouvida no silêncio da saudade entretanto saciada. Mas era pelo seu novo disco que Camané ali se encontrava, como de resto relembrou. 'Lembra-te Sempre de Mim', 'Mar Impossível' e 'Antes do Grito' isso mesmo o demonstrariam, ao mesmo tempo que elevavam a beleza poética dos temas a que o fadista nos tem habituado, pela forma como os incorpora na sua voz e como lhes dá sentido nos silêncios que doseia dentro das interpretações.




Para outros, como 'Dança da Volta', deixa libertar a guitarra portuguesa, de José Manuel Neto, no dedilhar acelerado em sintonia com o contrabaixo, e com elas arranca os aplausos mais fortes, aqueles que parecem querer dizer "ah, fadista!", e que se repetiriam em 'Fado Sagitário', 'Sonhar Durante o Fado', de Sérgio Godinho, ou 'Marcha do Bairro Alto', de José Mário Branco. Dois nomes referidos pelo fadista, entre os cumprimentos e agradecimentos àqueles que contribuíram no seu novo álbum. Sérgio Godinho estava sentado ao lado de Carlos do Carmo, como apontou Camané, antes de eleger o intérprete de 'Lisboa Menina e Moça' como uma das suas principais referências, a par de Amália e Alfredo Marceneiro. Em honra a este último interpretaria 'Triste Sorte' e evocaria Amália em 'Asas Fechadas', tema que gravou mas não chegou a incluir no seu mais recente trabalho. O momento foi dividido com Carlos Bica, encarregue do contrabaixo neste e noutros discos do fadista e músico convidado no espectáculo do Coliseu. Mas a noite ainda estava longe de chegar aos "braços da madrugada" e Camané teve de voltar quatro vezes ao palco para atender à sede do seus admiradores. 'Ciúmes da Saudade', 'Senhora do Livramento', 'Ela Tinha Uma Amiga' e 'A Minha Rua', com o cansaço já a atraiçoar um pouco a memória da letra, serviram os sucessivos encores, mas seria a capella que o fadista decidiria pôr fim ao seu espectáculo, cantando 'Complicadíssima Teia'.
As pessoas que melhor cantaram em Portugal foram fadistas, porque «tinham um sentido de palavra incrível», assim o disse o Camané. Talvez não se apercebesse que estava também a falar de si, como mostrou esta noite no Coliseu, num espectáculo memorável.


in Cotonete

Friday, May 16, 2008

Sempre de mim...de nós

O que têm em comum Camané e Portishead? Nada, a não ser o simples facto de serem os autores dos discos que mais tenho ouvido nos últimos, "Sempre de Mim" e "Third", respectivamente. Mas hoje, porque a noite foi sua, rendo homenagem maior a este grande senhor: CAMANÉ




Thursday, May 8, 2008

Afinal não fechei a porta...Ela é que está fechada e eu não tenho a chave.

Monday, May 5, 2008

Decisões

Desta vez quis antecipar aquilo que considerara inevitável, controlar, pensava eu, o decurso das coisas, como se tal fosse possível, e assim evitar mágoas e sofrimentos.

A questão é que, por medos e receios cuja existência afinal não consigo provar, pelo menos ainda, precipitei-me numa decisão que pensei que me poupasse o tal sofrimento. Só que, ao contrário do que pensei, essa decisão revelou-se tão ou mais penosa que a vulnerabilidade de uma eventual exposição de sentimentos.

Na ânsia de evitar desilusões passadas temo ter feito juízos precipitados e ter fechado a porta a alguém ...

Wednesday, April 30, 2008

Blindness - O pior cego é aquele que não quer ver

É um dos meus livros preferidos de sempre e um inquietante questionar sobre o que é a civilização humana, na ausência da lei e da ordem - o que somos nós, afinal, perante o caos.

A adaptação para cinema do livro "Ensaio sobre a Cegueira", de José Saramago, vai abrir a edição deste ano de Cannes. O filme é dirigido por Fernando Meirelles, o realizador de "Cidade de Deus" e "Fiel Jardineiro". E o trailer já pode ser visto aqui - http://www.blindness-themovie.com/

Espero ansiosa pela sua estreia, ainda que um tanto ou quanto receosa no que respeita à fidelidade da reprodução para o ecrã da essência ensaísta e filosófica do livro.

Friday, March 21, 2008

He's Here

Apesar de muito se poder dizer da coerência do alinhamento, até agora, este ano é o Optimus Alive! que me está a encher as medidas. Depois de ter formulado o desejo em voz alta de que «bom bom era se os Rage Against The Machine viessem cá também» (meados de 2007) ou «um concerto que gostava mesmo de ver era o do Neil Young; isso é que era um ganda concerto» (final de 2007, início de 2008), eles aí estão, ou estarão, a 10 e 12 de Julho, respectivamente, em Algés.

Não me lembrei de pedir o Dylan (11 de Julho), porque já nem o contava ver por aqui (e dificilmente por aí), mas voilá, que venham esta e muitas outras:

Hurricane

Pistol shots ring out in the barroom night
Enter Patty Valentine from the upper hall.
She sees the bartender in a pool of blood,
Cries out, "My God, they killed them all!"
Here comes the story of the Hurricane,
The man the authorities came to blame
For somethin' that he never done.
Put in a prison cell, but one time he could-a been
The champion of the world.

Three bodies lyin' there does Patty see
And another man named Bello, movin' around mysteriously.
"I didn't do it," he says, and he throws up his hands
"I was only robbin' the register, I hope you understand.
I saw them leavin'," he says, and he stops
"One of us had better call up the cops."
And so Patty calls the cops
And they arrive on the scene with their red lights flashin'
In the hot New Jersey night.

Meanwhile, far away in another part of town
Rubin Carter and a couple of friends are drivin' around.
Number one contender for the middleweight crown
Had no idea what kinda shit was about to go down
When a cop pulled him over to the side of the road
Just like the time before and the time before that.
In Paterson that's just the way things go.
If you're black you might as well not show up on the street
'Less you wanna draw the heat.

Alfred Bello had a partner and he had a rap for the cops.
Him and Arthur Dexter Bradley were just out prowlin' around
He said, "I saw two men runnin' out, they looked like middleweights
They jumped into a white car with out-of-state plates."
And Miss Patty Valentine just nodded her head.
Cop said, "Wait a minute, boys, this one's not dead"
So they took him to the infirmary
And though this man could hardly see
They told him that he could identify the guilty men.

Four in the mornin' and they haul Rubin in,
Take him to the hospital and they bring him upstairs.
The wounded man looks up through his one dyin' eye
Says, "Wha'd you bring him in here for? He ain't the guy!"
Yes, here's the story of the Hurricane,
The man the authorities came to blame
For somethin' that he never done.
Put in a prison cell, but one time he could-a been
The champion of the world.

Four months later, the ghettos are in flame,
Rubin's in South America, fightin' for his name
While Arthur Dexter Bradley's still in the robbery game
And the cops are puttin' the screws to him, lookin' for somebody to blame.
"Remember that murder that happened in a bar?"
"Remember you said you saw the getaway car?"
"You think you'd like to play ball with the law?"
"Think it might-a been that fighter that you saw runnin' that night?"
"Don't forget that you are white."

Arthur Dexter Bradley said, "I'm really not sure."
Cops said, "A poor boy like you could use a break
We got you for the motel job and we're talkin' to your friend Bello
Now you don't wanta have to go back to jail, be a nice fellow.
You'll be doin' society a favor.
That sonofabitch is brave and gettin' braver.
We want to put his ass in stir
We want to pin this triple murder on him
He ain't no Gentleman Jim."

Rubin could take a man out with just one punch
But he never did like to talk about it all that much.
It's my work, he'd say, and I do it for pay
And when it's over I'd just as soon go on my way
Up to some paradise
Where the trout streams flow and the air is nice
And ride a horse along a trail.
But then they took him to the jailhouse
Where they try to turn a man into a mouse.

All of Rubin's cards were marked in advance
The trial was a pig-circus, he never had a chance.
The judge made Rubin's witnesses drunkards from the slums
To the white folks who watched he was a revolutionary bum
And to the black folks he was just a crazy nigger.
No one doubted that he pulled the trigger.
And though they could not produce the gun,
The D.A. said he was the one who did the deed
And the all-white jury agreed.

Rubin Carter was falsely tried.
The crime was murder "one," guess who testified?
Bello and Bradley and they both baldly lied
And the newspapers, they all went along for the ride.
How can the life of such a man
Be in the palm of some fool's hand?
To see him obviously framed
Couldn't help but make me feel ashamed to live in a land
Where justice is a game.

Now all the criminals in their coats and their ties
Are free to drink martinis and watch the sun rise
While Rubin sits like Buddha in a ten-foot cell
An innocent man in a living hell.
That's the story of the Hurricane,
But it won't be over till they clear his name
And give him back the time he's done.
Put in a prison cell, but one time he could-a been
The champion of the world.

Wednesday, March 12, 2008

Não conhecia, mas alguém me disse que era muito bonito

A Boca as Bocas

Apenas
uma boca. A tua Boca
Apenas outra , a outra tua boca
É Primavera e ri a tua boca
De ser Agosto já na outra boca

Entre uma e outra voga a minha boca
E pouco a pouco a polpa de uma boca
Inda há pouco na popa em minha boca
É já na proa a polpa de outra boca.

Sabe a laranja a casca de uma boca
Sabe a morango a noz da outra boca
Mas sabe entretanto a minha boca

Que apenas vai sentindo em sua boca
Mais rouca do que a boca a minha boca
Mais louca do que a boca a tua boca.


David Mourão Ferreira

Saturday, March 8, 2008

Atonement = Beleza





Um belo filme, na verdadeira acepção da palavra belo. Mas a sua beleza reside em muito na fabulosa e 'oscarizada' banda sonora.




Wednesday, February 6, 2008

Há muito tempo que não me ria assim :))

A FLORESTA, de Aleksandr Ostróvsk

Na Cornucópia


Tradução Nina e Filipe Guerra

Encenação Luis Miguel Cintra

Cenário e figurinos Cristina Reis

Desenho de luz Daniel Worm d’Assumpção

Interpretação

António Fonseca, Dinis Gomes, Duarte Guimarães, Márcia Breia, João Pedro Vaz, José Gonçalo Pais, José Manuel Mendes, Luís Lima Barreto, Luis Miguel Cintra, Rita Durão e Teresa Madruga

Lisboa: Teatro do Bairro Alto. 10/01 a 17/02/2008

3ª a sábado às 21:00. Domingo às 16:00


Uma das comédias mais importantes daquele que tem sido chamado o fundador do teatro russo. Escrita em 1871, A Floresta, traça com delicado humor o retrato de um grupo de personagens numa herdade russa do fim do século XIX, as suas relações, os seus anseios, a sua ignorância, as suas insatisfações, o seu mau viver. Tudo gira em torno da tensão entre o dinheiro e a felicidade. Os ricos não conseguem ser felizes com o seu dinheiro. Os pobres não são felizes porque o não conseguem ter. A proprietária, viúva rica e aparentemente virtuosa, vai vendendo talhões da sua floresta a um mujique enriquecido que lhe corta as árvores para aproveitar a madeira, e guarda o dinheiro para os prazeres com que sonha. Impede a alegria dos que a rodeiam, seus criados e protegidos. Dois actores ambulantes chegam um dia à herdade e vêm perturbar este equilíbrio. Esses, os artistas, têm a ilusão de poderem ser felizes sem dinheiro. Geram-se mais desencontros que encontros em divertidas situações que têm tanto de real como de teatral. Considerada habitualmente como uma "comédia de costumes", a obra tem uma qualidade poética que chega a lembrar Shakespeare na sua capacidade para pôr em cena a vida verdadeira sem nunca "moralizar", para entender os seres humanos nas suas pobres contradições.

Saturday, January 19, 2008

Cândido


O teatro Maria Matos, em Lisboa, estás prestes a estrear uma peça sobre "Cândido", uma das obras mais conhecidas de Voltaire e um dos livros que mais me marcou. A questão da perda da inocência é contada na forma de uma longa aventura a caminho do El Dorado, que leva Cândido a deparar-se com pessoas e situações que vão traduzindo os vários defeitos da humanidade e das sociedades, como a ganância, o cinismo, a ambição, o falso desprendimento, etc. Uma das situações que recordo particularmente é quando Cândido encontra um homem rico, dono de uma mansão faustosa e detentor de uma biblioteca invejável. Com o tal falso desprendimento de quem tudo tem, o sr. desvaloriza as grandes obras que possui no seu acervo e a que Cândido se vai referindo com admiração e espanto.



Essa passagem e a queda do mito do El Dorado - o âmago da história - são apenas algumas das "desilusões" de Cândido. Mas nesta alegoria do iluminista Voltaire contra o fausto do Antigo Regime e os privilégios da nobreza e do clero o livro termina com um renovado optimismo mais prático e menos encantado, numa lição que o velho turco dá a Cândido: a de que nada cai do céu e que é preciso trabalhar, criar e empreender esforço. «O trabalho liberta-nos de três calamidades: o aborrecimento, o vício e a necessidade». Por isso no final Cândido insiste:´«é preciso cultivar o nosso jardim»


A peça "Cândido estreia dia 24 deste mês. A encenação é de Cristina Carvalhal e a tradução e adaptação de Cucha Carvalheiro.


Teatro Maria Matos

24 de Janeiro a 24 de Fevereiro
4.ª a sábado às 21h30 domingo às 17h00
Bilhetes: 15€