Sunday, May 3, 2009

E se tivesse sido um sapato?

Neste cantinho da Europa cheio de "grandes virtudes" e moralismos de nobreza decadente faz-se um grande circo porque um senhor candidato às Europeias, ex-comunista agora PS, decide, logo este ano, ir fazer campanha para a manif do 1º de Maio com uma delegação do PS e acaba por ser insultado e agredido com umas gotas de água. Os agressores serão militantes comunistas, porque, segundo o PS, só os comunistas têm razão para o fazer em relação ao governo (!??!!), e sobretudo pela condição de ex-comunista de Vital Moreira.
Bom, o Miguel Portas também é ex-comunista e estava lá como dirigente do BE - e também ele apelidou a atitude de Vital de provocação. Não houve notícia de agressão contra o M. Portas.
É fácil perceber quem ganha efectivamente com isto, desviando o que é importante para um episódio que nem é tão grave assim - ganhem juízo e olhem lá para fora, porque muita calma tem o povo português nesta democracia de fachada. Se lhe tivessem atirado um sapato se calhar achavam mais piada.
Enumeremos e comparemos, então, alguns episódios esquecidos pelo sr. Engenheiro quando tudo lhe serve para dar uma de virgem ofendida.
No caso da agressão a Vital Moreira, o sistema, em virtude de ser democrático, contempla um sistema judicial ao qual este pode e deverá recorrer para resolver a situação. Identificar e apresentar queixa dos agressores - não sei que pena calhará àqueles que se ficaram pelo 'mentiroso', às tantas até vão alegar que estes têm direito a dizê-lo, em democracia. Será?
Recordo-me é de um episódio em que a polícia a mando do Ministério da Administração Interna, mandou revistar as instalações de um sindicato para saber a identidade de um grupo de profs que protestava numa visita qualquer de Sócrates. Certamente muito democrático. Aliás, protestavam contra este? Ou deverei dizer ofendiam-no? É que por estes dias tudo o que seja crítica a este senhor passa a ser uma ofensa. É, segundo li há tempos, salvo erro, na Visão, o recordista de processos contra jornalistas por dá cá aquela palha, já para não falar em toda a onda de suspeitas em torno das condições de investigação do Freeport.
De modo que, e se em vez da água tivesse sido algo mais cosmopolita e global como um sapato? Talvez dissessem que era a " festa da democracia".

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